quarta-feira, 21 de abril de 2010

Eu: mártir de mim mesma


Tiradentes Esquartejado (Pedro Américo, 1893)

A vitrola começa a chiar e logo em seguida começa uma música que eu não gosto. Não vou mudar. Só liguei para distrair a cabeça e parar de sentir as pontadas no coração que refletem no cisto do filho que eu não vou ter.

Eu penso que queria ter sorte em tantas coisas, mas não é possível. O Velho Barreiro, barbudo de sabedoria, me diz que eu estou certa e acrescenta: Tiradentes também estava.

Realmente, minha cabeça parece decapitada e meu corpo, esquartejado. Deve ser o preço da certeza, afinal. Um dia posso precisar de um feriado para mim - e quem sabe eu não mereça - para fingir acalmar a cabeça com uma música antiga compactada num disco, rodando no ritmo frenético dos meus medos infantis que eu certamente não superei.

Eu vou mudar.


2 comentários:

  1. gosto do seu blog(suas palavras)
    quero ver mais postagens sua ;)
    vlw bjss Positive vibes

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Obrigada!