sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Vida, me perdoa?



Hoje não deu. Fui obrigada a segurar meu coração ao passar na sua frente. Desacostumado com meus mimos e erros, ele estava definitivamente decidido a me abandonar e te pedir abrigo por favor. Não dá! Dessa vez amordacei esse idiota que só quer se aventurar. Ele quer rodízio de amor, quer ser gula e luxúria ao mesmo tempo, quer ferver o tempo todo e sofrer queimaduras de graus ridículos para aumentar a coleção de cicatrizes. Ele não quer ninguém para carregá-lo na prisão do peito. Mas eu, eu não.

Eu só preciso de um e sei quem deve ser. Quero aventurar-me na rotina dos mesmos olhos que – eu sei – nunca decifrarei. Quero preencher o vazio úmido e morno que existe permanente em mim com o molde perfeito que eu já sei de cor. Quero abrigar aqui dentro extensões de meus genes e me ver nos gestos primários dos meus filhos. Quero a satisfação mundana de programar o fim, sem correr riscos. Quero sim e repito até me convencer.

E essa vergonha que meu mal-agradecido coração me faz passar, é dor que só eu sinto. Me aproximo da morte a cada censura, mas que minha vida me perdoe... é tempo de racionalizar a covardia e insistir – não no erro, mas na esperança.

02/09/10 - Samantha P. S.