quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Depoimento Secreto
Eu sinto o peso das suas pálidas pálpebras paradas no espaço. De modo estranho, sinto seus lábios entreabertos que denunciam a falta de incentivo e apoio. Apóio meus pensamentos nas extremidades dos dedos e sinto o peso do meu sangue pulsando na superfície única da pele exposta. E suas costas, constante, encosta no mesmo apoio que o meu, que logo desliza e disfarça sua função.
E é sempre por acaso que tudo isso só acontece em mim quando me força a enfrentar suas eternas costas – que de tão presente tornou-se rotina, roubando o lugar que seria seu não fosse a frieza das tímidas palavras sem autoria.
Fujo do anonimato pra tentar fazer diferença; escrevo sobre tudo que me inspira e não tenho medo das conseqüências; afinal, são só palavras impessoais numa folha reciclável... de atitude tão covarde!
Antes fosse como você, me anularia no anonimato mas falaria mais de mim.
Você sabe quem você é, tem todo o direito de agir como quiser.
Eu gostei de te ler.
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Invejando Idiotas
Esse lugar é tão lindo que eu tenho vontade de cagar nele. Tenho vontade de mergulhar no lago e mijar dentro, marcar território num lugar que não é meu e nem vai ser.
A situação me deixou tão tensa ao ponto de me cegar perante a beleza da natureza. Os pássaros e pombas comuns me inspiram inveja ao invés de admiração. Eles cantam e vivem aqui tão alheios à minha tensão que me dá ódio da irracionalidade dos animais. Como no dia em que eu, dramática, chorava em busca da compreensão do meu gato que dormia e às vezes me olhava com os olhos pela metade a me perguntar se eu não o deixaria dormir em paz. Eu não escolhi não ser como eles, qual o remédio pra mim?
Começo a entender porque alguns humanos sentem prazer ao aprisioná-los. É a vida racional tornando-os perfeitos sádicos. É claro que trocaríamos toda nossa responsabilidade de dominar a razão por dias de cantos e bater de asas! Não se tem liberdade quando seus pés estão no chão. Não se tem liberdade quando milhões de semelhantes estão prontos para te julgar incapaz. Entre as aves não há preconceitos. Todos sabem voar. Mas pra mim... voar depende dos outros. E os outros nunca querem erguer o pescoço gordo para te encontrar.
Hoje eu posso ter desculpas por bancar a distorcedora de valores. Eu quis me esquecer de tudo - sem querer. Foi uma tentativa - falida - de me assemelhar às aves. Aquelas idiotas. Não existe dia certo para sonhar, exceto esse.
Esse lugar é tão lindo que eu gostaria de ser enterrada nele; sob o coral de pássaros e pombas comuns que cagariam pra minha morte e reproduziriam-se no lugar dos meus filhos e netos.
Pode ser que hoje algum deles morra por minha culpa... e isso eu nunca vou saber.
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
"Testando o gravador pra ver se ele grava a dor"
Sangrava e os beiços precisavam de saliva. Qual é a do ser que não percebe seus instintos? Morre bonito. O tiro vai ao alvo.
Depois da morte há vida. As patas tornam-se pés, numa metamorfose humana meio morta. Não fez diferença, pois o amor era o mesmo. Cachorro, mula, homem... não era o corpo que “me” atraía, era ele mesmo, dentro do próprio ser invisível. Qualquer forma que tivesse, ainda assim faria parte de mim. Meu cachorro, minha mula, meu preá que não me quer mais. Ainda bem que não depende dele. É por mim que ele vive, sem querer... Não posso salvá-lo, sou só eu que estou aqui, pois acabo de enfiar a faca nas costas dela. O sangue não presta nem pra doação. Não salva vidas nem tem gosto pros vampiros. Pobre morta incolor... Como a água passa, lava e vira lágrima, pronta pra virar porra. Dentro de mim é claro!
Não viaja... a porra está por todo lado. Na boca daquela, nas pernas da santa. Pura mentira. Sabe? Daquelas transas com gosto de vingança, com o pensamento em outra que pensa estar morta... que queria estar morta e deitada no seu peito, talvez no seu pênis, sem sacanagem.
Não dá mais pra aprender com você, pois pediu pra morrer nos meus braços – ou nos meus peitos – numa nuvem de incêndio do meu coração. Grande bosta, eu deixei que fizesse parte da minha morte e, sem interesse, não recebi nada em troca. Não recebi nada em troca.
Depois da morte há vida. As patas tornam-se pés, numa metamorfose humana meio morta. Não fez diferença, pois o amor era o mesmo. Cachorro, mula, homem... não era o corpo que “me” atraía, era ele mesmo, dentro do próprio ser invisível. Qualquer forma que tivesse, ainda assim faria parte de mim. Meu cachorro, minha mula, meu preá que não me quer mais. Ainda bem que não depende dele. É por mim que ele vive, sem querer... Não posso salvá-lo, sou só eu que estou aqui, pois acabo de enfiar a faca nas costas dela. O sangue não presta nem pra doação. Não salva vidas nem tem gosto pros vampiros. Pobre morta incolor... Como a água passa, lava e vira lágrima, pronta pra virar porra. Dentro de mim é claro!
Não viaja... a porra está por todo lado. Na boca daquela, nas pernas da santa. Pura mentira. Sabe? Daquelas transas com gosto de vingança, com o pensamento em outra que pensa estar morta... que queria estar morta e deitada no seu peito, talvez no seu pênis, sem sacanagem.
Não dá mais pra aprender com você, pois pediu pra morrer nos meus braços – ou nos meus peitos – numa nuvem de incêndio do meu coração. Grande bosta, eu deixei que fizesse parte da minha morte e, sem interesse, não recebi nada em troca. Não recebi nada em troca.
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ADVERTÊNCIA:
Escrito dia 09/10/09, durante uma aula qualquer de Literatura, sob o efeito de algumas garrafas de cerveja e amor malrresolvido. Se não encontrar sentido nas palavras, considere-me exemplo e não escreva bêbado(a).
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Créditos finais: imagem e título encontrados por Carl, Dead Carl, que jaz no meu coração.
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
"Tema"
Se existe um bom momento pra criar-se um blog, é esse.
E como surgiu naturalmente, pela primeira vez, não tenho nada pré-escrito ou pré-estabelecido pra começar a escrever. Nem um tema. Nenhum.
Por isso o título: "Tema". Tema o que quer que seja escrito aqui. Porque se eu não sei o que vem, nem de onde, garanto que confiável não será. Não que eu não seja alguém confiável - eu sou? - mas eu falo mesmo é das minhas palavras instantâneas que saem teimosas dos dedos, como beliscões que tornam-se arranhões levemente sensuais. Talvez eu acabe por te inspirar, ou seja motivo de riso pro teu ego, mas eu gosto disso, do desafio de te atingir sem previsão de retorno.
Conheço o adágio "Quem escreve quer ser lido" e concordo. Mas nem por isso vou publicar meu link num flyer na Paulista, nem pedir pra você comentar aqui, ou ali... Valorizo o que vem de dentro, o que é instintivo, e se você chegou aqui simplesmente porque o destino te trouxe, saberá o que deve fazer.
Não sei como vou tornar útil esse blog, mas pelo pouco que me conheço - já era tempo de se conhecer mais! - falarei muito sobre o que sinto e tudo acabará por se tornar uma bela prosa simbolista, que só quem quiser mesmo entenderá (tipo "só os inteligentes podem me entender": desculpa falida de quem não sabe se expressar como deveria). Não começo me julgando, mas termino afirmando:
"- Se estou aqui, é para encontrar o fim de algo maior."
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