Esse lugar é tão lindo que eu tenho vontade de cagar nele. Tenho vontade de mergulhar no lago e mijar dentro, marcar território num lugar que não é meu e nem vai ser.
A situação me deixou tão tensa ao ponto de me cegar perante a beleza da natureza. Os pássaros e pombas comuns me inspiram inveja ao invés de admiração. Eles cantam e vivem aqui tão alheios à minha tensão que me dá ódio da irracionalidade dos animais. Como no dia em que eu, dramática, chorava em busca da compreensão do meu gato que dormia e às vezes me olhava com os olhos pela metade a me perguntar se eu não o deixaria dormir em paz. Eu não escolhi não ser como eles, qual o remédio pra mim?
Começo a entender porque alguns humanos sentem prazer ao aprisioná-los. É a vida racional tornando-os perfeitos sádicos. É claro que trocaríamos toda nossa responsabilidade de dominar a razão por dias de cantos e bater de asas! Não se tem liberdade quando seus pés estão no chão. Não se tem liberdade quando milhões de semelhantes estão prontos para te julgar incapaz. Entre as aves não há preconceitos. Todos sabem voar. Mas pra mim... voar depende dos outros. E os outros nunca querem erguer o pescoço gordo para te encontrar.
Hoje eu posso ter desculpas por bancar a distorcedora de valores. Eu quis me esquecer de tudo - sem querer. Foi uma tentativa - falida - de me assemelhar às aves. Aquelas idiotas. Não existe dia certo para sonhar, exceto esse.
Esse lugar é tão lindo que eu gostaria de ser enterrada nele; sob o coral de pássaros e pombas comuns que cagariam pra minha morte e reproduziriam-se no lugar dos meus filhos e netos.
Pode ser que hoje algum deles morra por minha culpa... e isso eu nunca vou saber.
Além de uma ótima desenhista, está se revelendo escrever tão bem quanto!
ResponderExcluirAdoro suas criações Sammy!
Sejam elas em forma de letras ou traços ;)
beijos
O início causou um impacto, um estranhamento, e isso ajudou a querer ler o restante, que me parecia interessante. E realmente é interessante. Consegue colocar as primeiras idéis com o ruído necessário para que o novelo enrole quem lê, e quem lê queira se sentir preso nas imagens que projeta alma afora. Beijo, te cuida! Gostei muito deste.
ResponderExcluirIsso me lembra uma coisa...
ResponderExcluirÀs vezes, por folgar, os homens da equipagem
Pegam de um albatroz, enorme ave do mar,
Que segue – companheiro indolente de viagem -
O navio no abismo amargo a deslizar.
E por sobre o convés, mal estendido apenas,
O imperador do azul, canhestro e envergonhado,
Asas que enchem de dó, grandes e de alvas penas,
Eis que deixa arrastar como remos ao lado.
O alado viajor tomba como num limbo!
Hoje é cômico e feio, ontem tanto agradava!
Um ao seu bico leva o irritante cachimbo,
Outro imita a coxear o enfermo que voava!
O Poeta é semelhante ao príncipe do céu
Que do arqueiro se ri e da tormenta no ar;
Exilado na terra e em meio do escarcéu,
As asas de gigante impedem-no de andar.
O Albatroz, de Baudelaire.
É tudo uma maçada - não vale nada.
Oi Samantha, você escreve muito bem, parabéns! Mas esse negócio de julgamento ocorre com várias espécies animais, e isso possivelmente (não arriscarei a dizer o q nao sei) inclúi também as aves! E você está muito revoltada (eu ACHO rs)com os animais... quando temos vínculos com eles, se importam sim com a gente, nem todo mundo caga pra gente rsrs. Mas eu, como um pessimista e negativista inato, também já pensei muito assim na vida (opa, não to dando um de ancião viu).
ResponderExcluirMas então, parabenss de novo, escreve muito bem!!! (além das outras virtudes que nem preciso citar)
ass: Felipe (irmão da Vivi?) rokesebola@hotmail.com
ah e nem me pergunte como vim parar aki hauhua